toda vez que um ano novo começa, sou tragado institivamente para todas aquelas questões que norteiam um novo alvorecer anual ou uma troca de calendário de mesa. sabe, aquilo de sempre: vamos estabelecer metas! vamos tirar projetos do papel! vamos viver tudo o que há pra viver, vamos nos permitir!
confesso que essa sensação de renovação que o ano novo traz é algo que me agrada bastante, num sentido de que, a medida que o ano velho vai terminando, me vejo estagnado com uma sensação de exaustão tão avassaladora que, ou finjo que o marco definido da terra completando uma volta em torno do sol possa ter o efeito de causar uma transformação positiva na minha vida, ou entro numa espécie de dormência afetiva. nunca cheguei a esse ponto porque sempre crio expectativas em relação ao carnaval que se aproxima, então, pra mim, até hoje essa coisa de “metas do ano” tem funcionado.
ressalva: tem funcionado de certa forma. percebi no final de dezembro que acabou de passar que não cumpri minhas metas de 2023. em outros tempos, eu passaria dois dias pensativo sobre como estabelecer metas é uma coisa idiota, descabida e sem sentido e chateado com a minha própria incompetência em cumprir prazos específicos que em 2023 eu achei bastante plausíveis. e estabelecer metas provavelmente é uma coisa sem sentido, afinal o mundo está acabando e sabe-se lá como estaremos enquanto sociedade, país e mundo daqui pro final do ano. talvez eu leia isso no início de 2026 e dê boas risadas sobre como as coisas pareciam bonitas e esperançosas no início de 2025. não parecem nem um pouco, mas eu gosto de fingir.
o que mudou do cara que delirou com suas metas do inicio de 2023 (aprender a dirigir, arrumar um emprego na minha área e arrumar um namorado) - e não as cumpriu - pro cara de hoje é que ele se cobra menos. e é onde eu quero chegar.
estabeleci como meta para esse ano ser mais justo e mais carinhoso comigo mesmo. parar de me cobrar demais. parece meio conmtraditório quando, ao mesmo tempo, eu quero ler mais, ver mais filmes, melhorar meus hábitos de escrita, retomar projetos esquecidos numa gaveta empoeirada de 2021 e consumir conteúdo de forma mais consciente e sadia (e - quem sabe! - até produzir conteúdo de alguma forma sadia).
só que, e principalmente, eu preciso fazer essas coisas enquanto elas me causem prazer. preciso fazer essas coisas para me divertir com elas. para que não seja uma obrigação, uma métrica irreal de que só assistindo 100 filmes e ler 70 livros por ano eu posso me considerar um exímio consumidor de cultura pop.
eu fico pensando e chego a infame conclusão de que as pessoas precisam ter mais TESÃO pelas coisas que fazem e não OBRIGAÇÃO de provar qualquer coisa que seja para alguém. meio óbvio, você completa aí da sua casa. mas tudo bem.
acho que é isso, então. to precisando sentir mais tesão pelas coisas da vida. quero retomar meus hábitos de leitura e de escrita (enquanto isso me entreter, sem amarras, sem cobranças). esse é o primeiro passo. sempre fui muito leitor por aqui e agora vou dar minhas opiniões sobre algumas coisas, minhas reflexões inúteis sobre outras. e por aí vai. enquanto eu curtir. enquanto me der tesão de fazer.
sem amarras, sem prazos loucos e irreais, sem cobranças que viram prazos descumpridos que viram chateação por não cumprir meus próprios prazos loucos e irreais.
de prazos loucos e irreais já basta meu trabalho que compromete sempre que pode minha veia artistica.
p.s. - como eu sou um ser humano cheio de falhas e contradições, talvez eu tenha incluído como “metas que são meio que uma obrigação” para 2025 finalmente aprender a dirigir e aprender a cozinhar. o resultado, só o futuro dirá. mas mantenho vocês informados.
eu acho.